ATA DA SESSÃO EM QUE SE INSTALOU A ACADEMIA ESPÍRITO‑SANTENSE DE LETRAS
Às 15 horas do dia 31 de julho de 1921, no salão do Clube Boêmios, desta cidade da Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, presentes, em virtude de convites especiais, que a comissão promotora da fundação dessa Academia, cidadãos Dr. Alarico de Freitas, Sezefredo Garcia de Rezende e Elpídio Pimentel, lhes endereçara, como a todos os outros representantes da intelectualidade vitoriense ‑ os senhores Bispo D. Benedito Alves de Sousa, desembargador Ferreira Coelho, Dr. Thiers Velloso, Dr. Henrique O. Reilly de Sousa, Dr. Alarico de Freitas, major João Aguirre, Sezefredo Garcia de Rezende, Elpídio Pimentel, Dr. Jugurta Couto, Aloysio Silva, Prof. Arnulpho Mattos, Dr. Archimimo Martins de Mattos, Dr. Luiz Antonino, Dr. Affonso Correia Lirio, Dr. Aristoteles da Silva Santos, Dr. Fernando Rabello, Dr. Olyntho Aguirre, Dr. Jair Tovar, Dr. Manuel Pimenta, João Bastos e Genserico de Assis, num total de vinte pessoas, tomou a palavra o Dr. Alarico de Freitas, que, com muita eloquência e felicidade, mostrou as vantagens da agremiação literária, que intentamos fundar, procurando, para constituí‑la, reunir, na mesma aspiração, os vários elementos do nosso mundo intelectual, que se ufana de ser representado, no Rio de Janeiro, por espíritos luminosos, com Colatino Barroso, Affonso Claudio, Graciano Neves; que, aqui, se opulenta pela palavra empolgante do Sr. Bispo Diocesano, pelas irradiações do talento do conspícuo jurisconsulto Ferreira Coelho, do brilhante advogado Thiers Velloso, do alumiado e encanecido mestre Aristides Freire e concluiu sua inspirada oração, convidando o Exmo. Sr. Bispo Diocesano para dirigir os trabalhos dos assembleados, em sua primeira reunião. O Sr. Bispo, tomando o lugar conveniente e agradecendo a escolha, designou o professor Elpídio Pimentel para secretariar os trabalhos desta sessão, e, ao mesmo tempo, concedeu‑lhe a palavra, a fim de que, como uma das figuras da Comissão iniciadora da ideia de se criar uma Academia literária nesta cidade, expusesse os propósitos da convocação, esclarecendo aos circunstantes convenientemente. A seguir, falou ainda o Dr. Alarico de Freitas, que traçou o plano de organização da Academia, propondo que fossem aclamados sete membros organizadores ‑ Srs. D. Benedito Alves de Sousa, desembargador Ferreira Coelho, Dr. Aristeu Aguiar, Dr. Thiers Velloso, Dr. Cassiano Cardoso Castello, professor Aristides Freire e Dr. Archimimo Martins de Mattos ‑ com a obrigação de constituírem, provisoriamente, o núcleo formador da Academia, que se comporá de vinte cadeiras, sob o patrocínio dos nomes de vinte antepassados ilustres deste Estado. Disse ainda que os escolhidos farão o preenchimento das poltronas vazias, pondo‑as em concurso, para serem francamente pleiteadas pelos que se julgam com direito a elas, e que, finda a sua obrigação, isto é, tomadas regulamentarmente as cadeiras vagas, ficam eles no dever de renunciar aos seus atuais encargos, para, então, se lhes convier, pleitearem, nos termos dos estatutos em elaboração, efetivamente, os lugares que, por obséquio, presentemente preenchem. O Dr. Thiers Velloso, obtendo a palavra, lembrou a necessidade de se incorporar aos 7 (sete) nomes indicados um dos membros da Comissão promotora da fundação da Academia, abrindo até, se fosse necessário, mão do seu lugar, para esse fim. Os Srs. Dr. Benedito de Sousa e o desembargador Ferreira Coelho, com aplausos do Dr. Jugurtha Couto, disseram, então, que lhes parecia francamente impossível à organização da Academia, desde que, entre os seus elementos corpoticadores, não se contassem os nomes dos Sr. Dr. AIarico de Freitas, Elpídio Pimentel e Garcia de Rezende, que a idealizaram. Essa proposta foi unanimemente aprovada, e, assim passou a dez o número dos organizadores da Academia, perante os quais os outros dez farão a concorrência, para se instalarem, efetivamente, nas cadeiras vagas, com todas as formalidades precisas. Depois de alguns vivos debates entre os presentes, em que tomaram parte notável os Srs. desembargador Ferreira Coelho, Aloysio Silva, Elpídio Pimentel, Aristóteles da Silva Santos, Affonso Lirio, Fernando Rabello e Archimimo Mattos, ficou aprovada a proposta do professor Elpídio Pimentel, para que se desse à novel corporação intelectual o nome de ‑ Academia Espírito‑santense de Letras, independendo‑a, com esse título, de quaisquer preconceitos regionalistas. O Dr. Fernando Rabello, solicitando o uso da palavra, propôs que fosse eleito ou aclamado o Dr. Cassiano Cardoso Castello, presidente do grupo dos dez, incumbidos da constituição da Academia. Essa proposta levantou gerais debates, e, posta a votos, caiu por unanimidade, pois que todos, com exceção do proponente, acharam que o acertado era ser essa escolha feita exclusivamente por iniciativa dos dez indicados, na sua primeira reunião. O Sr. Bispo D. Benedito Alves de Sousa designou ainda os Sr. Alarico de Freitas, Garcia de Rezende e Elpídio Pimentel, para se incumbirem da fatura dos estatutos da Academia, cumprido‑lhe solicitar uma convocação especial de seus companheiros, para a leitura e discussão desse trabalho, logo que ele se ultime. Eram cinco horas da tarde, quando, marcada nova reunião para 14 de agosto, no edifício da Escola Normal, a fim de ser lida e assinada a presente ata e resolvidos outros assuntos importantes que interessam à sociedade, o Sr. Bispo D. Benedito, presidente da assembleia, suspendeu a sessão, agradecendo aos ouvintes a gentileza e o estímulo de sua presença. E eu, Elpídio Pimentel, na função de secretário ad‑hoc, lavrei, a 31 de julho de mil novecentos e vinte e um, a presente ata, que vai assinada pelo Exmo. Sr. Presidente e demais pessoas presentes à reunião. ass) + Benedicto, Bispo Diocesano ‑ Alarico de Freitas ‑ Garcia de Rezende ‑ Archimimo Martins de Mattos ‑ Thiers Velloso ‑ Arnulpho Mattos ‑ Aristóteles da Silva Santos ‑ Manoel Lopes Pimenta ‑ Affonso Corrêa Lirio ‑ Janserico de Assis ‑ Luiz Antonino de Souza Neves Filho ‑ Jugurtha Couto ‑ João Aguirre ‑ João Bastos Bernardo Vieira ‑ Aloysio Silva ‑ Olyntho Couto de Aguirre ‑ Elpídio Pimentel.
