Nasceu em 06 de maio de 1934 em Atílio Vivacqua, ES. Foi alfabetizado por sua mãe, professora primária, de quem herdou o gosto pela leitura. Em 1942, foi matriculado na Escola Americana, de Cachoeiro de Itapemirim, na época dirigida pelo pastor e educador Vitorino Moreira, em cuja casa residiu por cinco anos (de 1942 a 1947). O diretor da escola, notando seu interesse pelos livros, franqueou-lhe o uso de sua biblioteca. Foi assim que, além dos clássicos infantis da época – Viagens de Gulliver, Robinson Crusoe, Dom Quixote, obras de Monteiro Lobato e da senhora Leandro Dupré, entre outros –, pôde dar vazão à sua curiosidade e ler todo o Tesouro da Juventude, assim como coleções da revista Eu Sei Tudo, assinada por Vitorino Moreira. Data desse tempo sua incursão pelos clássicos de Homero (A Ilíada e A Odisseia), pela Bíblia e pela obra dos padres Manuel Bernardes e Antônio Vieira, bem como pela poética de Guerra Junqueiro.
Aos 10 anos, tentou o seu primeiro conto, do qual pouca lembrança tem. Em 1947, após ler O tesouro da Ilha da Trindade, descobriu, admirado, que o seu autor era capixaba. Nascia uma admiração que viria se transformar em amizade e respeito pela grande figura de Adelpho Monjardim. Em fins de 1947, prestou exame de admissão ao curso ginasial do Colégio Estadual Muniz Freire, Liceu de Cachoeiro. De 1947 a 1950 cursou o Ginásio do Liceu. Em 1951 iniciou o Curso Científico. Desabrochou, com força, seu pendor literário, incentivado por mestres inesquecíveis como Deusdedit Baptista (Inglês), Virgilio Milanez (Português) e Aylton Bermudes (Francês e de Filosofia). Datam dessa época as suas traduções do francês – “Le Lac”, “La Mort du Loup” e outros do mesmo jaez – e os seus primeiros versos, notadamente sonetos e longos poemas em alexandrinos. Durante o ano de 1953, aos 19 anos, escreveu, o seu primeiro romance, Meu servo Jó, que seu senso de autocrítica não permitiu divulgar.
Em 1954, fez vestibular para a Faculdade de Odontologia do Espírito Santo, sendo aprovado em primeiro lugar. Nessa época publicou, no Suplemento Literário Dominical de A Gazeta, alguns sonetos e poemas. Colando grau em 1957, iniciou sua vida profissional em Cachoeiro de Itapemirim. Em 1964, prestou concurso para o serviço público, tendo sido aprovado e nomeado para o cargo de odontólogo do antigo IAPTEC. Entre os anos de 1957 e 1960 publicou no jornal O Arauto, de Cachoeiro, algumas centenas de crônicas em uma coluna denominada “Coisas da Cidade”. A publicação dessas crônicas – e de mais alguns contos – levou-o a ingressar na Academia Cachoeirense de Letras, recém-criada, passando a ocupar a cadeira de nº 29. Tomou posse em 1967, em solenidade que contou com a presença de seu mestre Adelpho Monjardim.
Em 1966 publicou, no Rio de Janeiro, o romance Ilha de fim de mar. Em 1967, logo após sua posse na ACL, esboçou o seu segundo romance, As duas faces de Eros, que só viria a publicar em 2001. Em 1969, transferiu-se para Vila Velha, dedicando-se à clínica particular e à clínica ambulatorial do INAMPS. Aposentou-se como cirurgião-dentista autônomo em 1984, continuando, porém, a exercer suas funções no INAMPS, já em atividades burocráticas, após haver sido nomeado coordenador regional de odontologia daquele órgão. Para desempenhar melhor esta função especializou-se, em 1984, em radiologia, e, em 1988, em odontologia social. Em 1988 publicou, em São Paulo, uma pequena coletânea de poemas denominada O sino submerso. Aposentou-se em 1995, passando a se dedicar com mais ênfase à literatura. Assim é que, finalmente, editou As duas faces de Eros, e participou de inúmeros certames literários, recebendo algumas premiações nos gêneros contos e crônicas. Seu último romance, As montanhas da lua, foi esboçado em 1982 e publicado em fins de 2004. Publicou Taperas & coivaras, contos regionais, em 2014, e tem inéditos Amor de minha terra, crônicas, e Eu pescador, poesias. Seu ensaio histórico-etimológico O incalistrado - topônimos capixabas de origem tupi foi publicado em 2008 e incluído na coleção José Costa, da Secretaria Municipal de Cultura de Vitória sob o nº 14. Em 2014, publicou Alma de mestre, novela. É membro efetivo da Academia Cachoeirense de Letras, da Academia Espírito-santense de Letras, da Ordem Nacional dos Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
Samuel Machado Duarte faleceu em 17 de abril de 2024.
Levy Cúrcio da Rocha nasceu em São João do Muqui, em 14 de março de 1916. Filho de Emílio Coelho da Rocha e Vivência Cúrcio da Rocha. Casou-se com a professora Anna Bernardes da Silveira Rocha, também acadêmica. O autor passou a infância no arraial de São Felipe, cenário que escolheu para romance, envolvido nas recordações de acontecimentos assistidos naquela época. Seus primeiros pruridos literários lá ocorreram, ao cursar a escola primária. Inaugurava-se a luz elétrica, quando o garoto subiu a um pequeno coreto para ler seu discurso de louvor ao melhoramento distrital. Acotovelou-se entre autoridades que o tempo se incumbiu de, por aproximação, tornar em amigos constantes: o Dr. Mário Freire, que secretariava o governo estadual, e o engenheiro Luiz Derenzi, eminentes cultores da História Espírito-santense, ambos de saudosa memória. Duas outras personalidades se faziam presentes: o engenheiro Gustavo Corção, que representava a Cia. de Eletricidade, e o farmacêutico local, o poeta Almeida Cousin, que vinha terminar a redação do portentoso poema brasilístico: “Itamonte”. O estudante transferiu-se para Cachoeiro de Itapemirim, onde foi cursar o ginásio do colégio Pedro Palácios, mantendo-se ligado à vida do arraial. Em 1931, lançou, de parceria com seu amigo Francisco Borges, o 1º jornal de São Felipe: O Riso. Jornalzinho crítico e humorístico, com duas colunas e o tamanho de um palmo. Terminado o 2º ciclo de estudos, Levy Rocha permaneceu no mesmo colégio, passando ao corpo docente como autodidata. Estreou na imprensa local como cronista, colaborando esporadicamente no Correio do Sul e mais tarde no Arauto. Passou a publicar contos na revista Vida Capichaba, em Vitória e crônicas em A Gazeta, desde 1935. Alcançou A Tribuna ao tempo em que Reis Vidal reformou o jornal, na época da guerra. Vitória foi uma atração para cursar a Faculdade de Farmácia e Odontologia e a proximidade do Rio uma tentação para procurar colaborar em O Jornal e nas revistas O Malho, Carioca e outras. Estampando algumas crônicas no suplemento Singra, em rotogravura, distribuído como encarte nos principais jornais, Levy Rocha conseguiu atingir os rincões do país. Incursionando na história, em colunas do Jornal do Comércio, do Rio, o autor animou-se a partir para o seu 1º livro: Viagem de Pedro II ao Espírito Santo, inserto no volume nº 246 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e feito em separata. Aquele ano, de 1960, comemorativo do centenário da viagem imperial, representou um marco na vida do autor, que passou a residir, então, em Brasília. No ano de 1966, Levy Rocha reuniu algumas colaborações de história e lançou, numa gráfica carioca, Crônicas de Cachoeiro. Três anos depois, procurando tirar do esquecimento e evitar perda irreparável a um rico acervo - a coleção do 1º jornal litografado da província capixaba - lançou monografia mimeografada: “Os Vieira da Cunha e o jornal Martelo”. Firmando-se em Brasília como comerciante, manteve sempre o hobby literário. Na Ebrasa, editora local, lançou em 1971: Viajantes estrangeiros no Espírito Santo. Em 1977, Levy Rocha publicou seu livro de crônicas: De Vasco Coutinho aos contemporâneos e, em 1978, o romance Marapé. Faleceu em Vila Velha, no dia 16 de julho de 2004. Seu nome foi dado à Biblioteca Pública Estadual. Em 2008, o Governo Estadual publicou uma primorosa edição do livro Viagem de Pedro II ao Espírito Santo.
Nasceu em Viana, ES, em 28 de abril de 1899. Coletor federal durante 35 anos. Foi prefeito municipal de sua cidade, no período de 1963‑1967. Colaborou, assiduamente, na imprensa de Vitória, com artigos versando sobre temas regionais. Publicou: Subsídios da história e geografia do município de Viana (1951); Povoamento do Espírito Santo (A marcha e penetração do território – 1976); e A obra dos jesuítas no Espírito Santo (1979). Faleceu em 14/09/1985, tendo pertencido ao Instituto Histórico e Geográfico do Estado. Deixou inédito: Evolução política do Espírito Santo. Em 2012, a Prefeitura Municipal de Viana publicou sua Obra Completa, com apoio da Lei de Incentivo à Cultura e patrocínio da Vale.
Nasceu em Vitória, em 8 de outubro de 1894. Professor catedrático de Geografia do Ginásio do Espírito Santo, depois Colégio Estadual do Espírito Santo, tendo lecionado, ainda, em outros estabelecimentos de ensino de sua cidade. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores da Faculdade de Direito de seu estado. Vice‑presidente da Academia Espírito‑santense de Letras, cargo em que a morte o foi encontrar. Secretário perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, ali ingressou em 1922, sendo saudado pelo orador oficial da entidade, então o escritor Alarico de Freitas, com estas palavras: “O professor Heráclito Amâncio Pereira, também hoje em nosso recinto como sócio efetivo do Instituto, é um dos espíritos mais investigadores e notáveis do moderno movimento intelectual do Espírito Santo. Cultura especializada nos estudos geográficos e etnohistóricos, revive em suas páginas o mesmo carinho que o velho professor Amâncio Pereira ‑ seu ilustre pai ‑ imprimiu às coisas e aos fatos de nossa querida terra”. Para o acadêmico Nelson Abel de Almeida, que lhe fez o necrológio, em sessão solene, no IHGES, Heráclito Amâncio Pereira “não era só historiador e geógrafo; era também um estilista sóbrio e elegante, manejando a língua com rara maestria e sem pedantismo”, membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil, no Espírito Santo, da Associação Espírito‑santense de Imprensa, pertencia, igualmente, a outras entidades culturais do país, incluindo‑se, entre outras, a Academia Mato-grossense de Letras, o Instituto Genealógico Brasileiro, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Publicou: A imprensa no Espírito Santo, trabalho estampado, em série, na Revista do IHGES; Palavras..., discurso de paraninfo na Faculdade de Direito do Espírito Santo, 1942, além de artigos esparsos na imprensa de Vitória. Morreu em Vitória, em novembro de 1987.
Nasceu em Vitória, ES, em 8 de abril de 1862. Professor. Ainda estudante, fundou, juntamente com outros colegas, o Clube Saldanha Marinho, de feição republicana, manifestando‑se, desde moço, pela imprensa de sua província, em favor da abolição da escravatura. Foi fundador e redator de dois jornais: Sete de Setembro e a Gazeta Literária, além de haver colaborado nas seguintes folhas: O Espírito‑santense, Gazeta da Vitória, Gazeta do Itapemirim, Pirilampo, Comércio do Espírito Santo, Eco da Lavoura, Autonomista, A Tribuna, Jornal Oficial, Diário da Manhã, Nova Senda, Regeneração, Meteoro, O Semanal, O Lidador, O Combate, Alvorada, A Ordem e na revista humorística O Olho, de Luiz de Fraga Santos e Aristóteles da Silva Santos. Publicou, abrangendo desde trabalhos didáticos até peças teatrais, os seguintes livros: Noções abreviadas de Geografia e História do Espírito Santo, em cinco edições, a primeira datada de 1894 e adotada, como as demais, pela Diretoria da Instrução Pública local; Almanaque do Espírito Santo, 2 vol., o primeiro em 1898, e o segundo, edição póstuma, em 1919; Traços biográficos (1897); Folhas avulsas (1895); Folhas dispersas (1896); Humorismos (contos, 1897); Benevente, cidade de Anchieta (s/data); Na lua de mel (comédia, 1895); O tio Mendes (comédia, 1897); O engrossa: virou‑se contra o feiticeiro (comédia, 1890); Apuros de um marido (comédia em um ato); Jorge ou perdição de mulher (novela); Homens e coisas do Espírito Santo, 2 vol., o primeiro de 1897 e o segundo em edição póstuma; Datas espírito‑santenses, 2 vol., o primeiro de 1909 e o segundo em edição póstuma. Deixou vários trabalhos inéditos (peças teatrais, operetas infantis e um romance). Pertenceu à Societé Academique de Histoire Internacionale de Paris, ao Instituto Histórico da Bahia, ao Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, ao Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba e ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Faleceu em Vitória, em 13 de agosto de 1918. Pode-se distinguir duas fases diferentes em sua carreira dramática: uma de comédias de costumes e dramalhões e outra com peças dedicadas ao público infantil. Segundo Oscar Gama, foi o primeiro dramaturgo brasileiro a escrever peças teatrais dedicadas ao público infantil.