Pedro J. Nunes

5º ocupante

Pedro José Nunes nasceu em Ibitirama, ES, em janeiro de 1962, filho do agricultor e carreiro José Benedito Nunes e da professora Anna Maria Costa Nunes, mas passou a infância e a juventude em São José do Calçado, que considera sua terra natal. Embora tenha feito os primeiros estudos no Grupo Escolar Manoel Franco, foi alfabetizado pela mãe. Leitor desde que aprendeu a ler, lia de bula de remédios a Daniel Defoe, passando pelos contos infantis de Grimm e Andersen, pelas fotonovelas das tias, pela série Vagalume, pelos clássicos brasileiros, até chegar, ainda morando em São José do Calçado, a ler Dostoievski e o Erostrato de Sartre, textos que assombraram, ao mesmo tempo que iluminaram, o final de sua adolescência. Mudou-se para Vitória, em 1981, e aí reside desde então. Sua estreia como escritor se deu em 1987, quando, entre quase dois mil escritores de todo o país, foi selecionado com o conto Sereia para participar na antologia Jovens contos eróticos, da Editora Brasiliense. No início da década de 1990, a convite do escritor Miguel Marvilla, publicou o conto “A ratazana e o ocaso” na antologia Palavras da cidade,volume 3, dedicada a contos. Em 1993, publicou Aninhanha, livro que alcançou três edições e se tornou objeto de inúmeras análises em cursos de especialização e mestrado em Literatura. Depois, veio Vilarejo e outras histórias, seu maior êxito, atualmente na 6ª edição, lançado, a exemplo de Aninhanha, na coleção A Cultura na UFES, da Secretaria de Produção e Difusão Cultural da UFES. A primeira edição de Vilarejo veio encartada na revista Você e esgotou-se em 22 dias, um marco na literatura do Espírito Santo. A edição encartada trazia apenas a novela Vilarejo. Os contos que compõem o livro só apareceram a partir da segunda edição. Vilarejo e outras histórias foi leitura obrigatória no vestibular da UFES de 1995 e 1996 e ainda hoje é bastante lido em escolas do Espírito Santo.  Em 1992, o Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo concedeu-lhe o Prêmio Almeida Cousin para escritor revelação. Em 1998, com o romance inédito Menino, recebeu o Prêmio de Romance Virgínia Tamanini, da Secretaria de Cultura do Espírito Santo. O romance apareceu em livro em 2000 e em 2005 saiu a 2ª edição. Nesse mesmo ano, o livro entrou para o programa de leitura da Secretaria de Educação do Espírito Santo. O enredo é baseado na infância do autor em São José do Calçado. Em 2013, Menino foi publicado no Projeto Nosso Livro, do Governo do Estado do Espírito Santo em parceria com o jornal A Gazeta, com tiragem de 70.000 exemplares. Estava fazendo uma pesquisa sobre a Igreja e Residência Reis Magos, em Nova Almeida, Serra, ES, quando surgiu a oportunidade de escrever um há muito desejado livro para crianças e jovens. Foi daí que apareceu A pulga e o jesuíta, que em 2009 recebeu o Prêmio Secult de Literatura Infantojuvenil. O livro saiu assim, premiado, em 2010. Em 2011, escreveu um livro sobre o Serviço de Engajamento Comunitário, o Secri, que funciona no alto do São Benedito, em Vitória. Ainda em 2011 lançou outro livro infantojuvenil, A tarde dos porcos (atualmente na 3ª edição) e, em 2012, Igreja e Residência Reis Magos: obra jesuítica em Nova Almeida, uma incursão pela história dos jesuítas em nossas terras e de como surgiu um dos mais importantes monumentos jesuíticos do país, localizado no distrito de Nova Almeida, a norte de Vitória. Em 2009, criou, em conjunto com o escritor Luiz Guilherme Santos Neves, a coleção Memória Capixaba, dedicada à preservação das coisas relativas ao nosso estado. Por causa disso tornou-se videomaker e desde então fez vários documentários, dois dos quais foram publicados dentro da coleção: Caleidoscópio do folclore capixaba  e Parque Moscoso: um parque centenário, DVD lançado em 2012, além do documentário Sabalogos, publicado no site Tertúlia .:. Livros e Autores do Espírito Santo. Pedro J. Nunes publicou ainda o volume de contos A última noite (2015) e o livro infantojuvenil O tapete de Zezé (2016). Organizou e editou duas antologias: Mulheres: diversa caligrafia, um volume de contos eróticos publicado em 1995, e Na livraria: diversa caligrafia, cuja organização dividiu com o editor Caco Appel, publicado em 2015. Tem textos de ficção, depoimentos e artigos publicados em diversos livros e revistas do Espírito Santo. Integrou o primeiro conselho editorial do projeto Escritos de Vitória, que deu formato e andamento a uma das mais longevas coleções publicadas no estado. É escritor residente da Biblioteca Pública do Espírito Santo desde 2015. Em 2019 publicou Roberto Mazzini e outros navegantes – Ivan Borgo: Vida e obra, com organização, seleção, notícia biográfica e estudo crítico. Além disso, é criador e editor do site Tertúlia .:. Livros e Autores do Espírito Santo, revista eletrônica dedicada à divulgação da literatura produzida no Espírito Santo no ar desde 2005, e do site da Academia Espírito-santense de Letras. Foi eleito para a AEL em dezembro de 2013, tomando posse em 2014. Pertence à Academia Calçadense de Letras, de São José do Calçado, e ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.

 

Beatriz Abaurre

4º ocupante

Maria Beatriz Figueiredo Abaurre nasceu em Londrina, PR, no dia 31 de agosto de 1937. Pianista, violinista da Orquestra de Câmara da Escola de Música do Espírito Santo, violista-spalla da Orquestra da Câmara da UFES e violista da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo. Ex-presidente da Fundação Cultural do Espírito Santo e do Conselho Estadual da Cultura. Ex-diretora cultural do Departamento Estadual de Cultura, pós-graduada pela UFES em Estudos Literários. Vencedora de vários concursos literários capixabas, publicou crônicas e ensaios diversos em jornais e revistas do Espírito Santo. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo e à Academia Feminina Espírito-santense de Letras. Publicou: A revolução da violas; Joaquim e seu flautim; A jiboia que virou trompa; Gritos sem resposta (poesia,1999); A metapoesia na obra infantojuvenil de Carlos Nejar (ensaio, 2001); Geografia afetiva de uma ilha (obra premiada no 3° Concurso Literário Nelson Abel de Almeida); Enquanto seu lobo não vem (contos, 2005); O jogo da velha (2006).Em 2012, a AFEL lançou a obra Beatriz Abaurre: um ícone da cultura capixaba, organizada por Maria do Carmo M. Schneider. Faleceu em 14 de junho de 2013.

 

Jayme Santos Neves

3º ocupante

Nasceu em Vitória, ES, a 24 de agosto de 1909. Estudou no Lyceu Philomatico e Ginásio do Espírito Santo, formando‑se em Medicina pela Faculdade Federal do Rio de Janeiro em 1932. Tisiologista de renome, mesmo fora do País, publicou mais de cinquenta trabalhos sobre temas de sua especialidade. Participou de vários congressos nacionais e internacionais, nos quais se destaca pela extensão de seus conhecimentos científicos. Ocupou vários cargos de relevo na vida administrativa de seu Estado. Detentor de várias condecorações e prêmios, inclusive medalha de ouro e diploma como destaque em Saúde Pública no País, conferidos pelo Congresso Nacional de Pneumologia e Tisiologia, realizado em Fortaleza, CE, em 1980. Classificado no Concurso de Poesia do Instituto Nacional do Mate, no Concurso de Contos de Médicos da revista Pulso e no Concurso de Contos da revista Status. Pertenceu ao IHGES e a outras entidades científicas e literárias. Publicou: O outro lado da história da Companhia de Jesus (Vitória, 1984. 383 p.); A centopeia (contos, 1989); Cantáridas, poemas fesceninos (coautoria, 1984). Faleceu em 1998. O governo estadual homenageou-o, dando-lhe o nome a um de seus maiores hospitais, inaugurado em 2012.

 

Augusto Ruschi

2º ocupante

Nasceu em Santa Teresa, ES, em 12 de dezembro de 1915. Topógrafo, formado em Agronomia e Direito. Cientista de renome internacional, iniciou, desde os 14 anos, a coletar plantas, frequentando o que seria depois a Estação de Santa Lúcia, onde faria grande parte de seus estudos. Tornou-se cientista aos 22 anos, em 1937, após enviar 300 caixas de percevejos para o professor Filippo Silvestri, do Reggio Laboratori di Entomologia Agrária de Portici, em Nápoles. O renomado cientista italiano, vindo ao Brasil, logo manifestou o desejo de conhecer o doador de tão curioso presente, viajando até Santa Teresa, em companhia do cientista brasileiro Cândido Firmino Mello Leitão. Guti, este o apelido de Augusto Ruschi, em palestras com Filippo Silvestre, acabou, então, por desmistificar alguns conhecimentos de Botânica, dados, até aquela ocasião, como verdades estabelecidas. Aos argumentos do italiano, retrucava: “Eu vi, o senhor leu”, resumindo assim seu laborioso trabalho de observação nas florestas. Foi a partir daí que entrou para o Museu Nacional, levado por Mello Leitão e com o aval do mesmo cientista europeu. Ali, chácara dos pais de Ruschi, surgiria o Museu Mello Leitão, em área de 80 mil metros quadrados, onde se assentam, hoje, os pavilhões de Botânica, laboratórios, gigantescos viveiros com vegetação para criação de beija‑flores em cativeiro, a vasta biblioteca do cientista e orquidário. O Museu de Biologia Mello Leitão foi criado oficialmente em junho de 1949, e o reconhecimento internacional de Ruschi, como cientista, firmar‑se‑ia com o tempo, passando a pertencer a entidades como The American Ornithologist Union, Sociedad Venezoelana de Ciências Naturales, Societé Française de Biogeographie, Academia Brasileira de Ciências, Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, Jardim Botânico, Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Era detentor de 15 medalhas de ouro, por seus trabalhos científicos, tendo sido agraciado com comendas de diversos países. Entre as inúmeras publicações sobre o cientista se destaca a realizada por The National Geographic Magazine, mas foi assunto, também, de Seleções do Reader’s Digest e da BBC de Londres, sem falar nos jornais e revistas nacionais que lhe dedicaram páginas inteiras. O jornalista Rogério Medeiros, que assinou matérias referentes a Ruschi no Jornal do Brasil, incluiu dois capítulos sobre o cientista no livro Espírito Santo ‑ Maldição Ecológica (1983) e há ainda a seu respeito a publicação assinada por Renato Pacheco e Sandra Medeiros: Augusto Ruschi, o verdureiro que virou cientista, editado pela FCAA/UFES, numa coleção para crianças. Além dos boletins do Museu Mello Leitão (destaca‑se o comemorativo do XXVII aniversário da entidade, em 1976), o cientista publicou, em 1939, pelo IBGE: Município de Santa Teresa, estatística, orografia, história; Aves do Brasil (São Paulo, Editora Rios, 1982); Beija‑flores do Espírito Santo (idem 1983). E mais 450 trabalhos científicos da maior relevância. Anote‑se ainda que a Augusto Ruschi se deve o projeto de todas as reservas florestais do Espírito Santo, realizado na década de 30, conseguindo sua criação no governo do interventor João Punaro Bley. Esse projeto mostrava ao Estado as necessidades de se separar 500 quilômetros quadrados de seu território, que servissem de universo representativo de todos os tipos fito fisionômicos e faunísticos do Espírito Santo. Na Estação Biológica de Santa Lúcia, em Santa Teresa, conseguiu identificar e marcar com plaquetas 20 mil árvores, num trabalho iniciado a partir de 1939. Ali também levantou o maior acervo mundial de plantas epífitas (fixadas a outras, mas sem ser parasitas, como as orquídeas, que, em Santa Lúcia, são calculadas em 600 mil). Seus principais estudos foram, contudo, realizados com os beija‑flores, as orquídeas, as bromélias e os morcegos. Com relação aos colibris, era considerado a maior autoridade mundial. Os morcegos, criou‑os igualmente em cativeiro, entre 1950 e 1956, depois de coletá‑los em cavernas. Conseguiu listar 42 espécies desses animais, no Espírito Santo, portadores de vírus da raiva, sendo três hematófagas, tendo proposto uma fórmula de combate à raiva bovina por eles transmitida, por meio do controle biológico. Outros estudos do cientista revelam estar o aumento da esquistossomose ligado ao progressivo extermínio do peixe conhecido popularmente como cascudo, predador natural do caramujo hospedeiro do schistosoma mansoni. Nas suas pesquisas, na divisa Brasil‑Venezuela‑Guianas, escolheu quinze das melhores espécies predadoras de caramujos e organizou um método de combate à esquistossomose, que consistia na criação desses peixes e sua distribuição pelos rios infectados, para erradicar o mal, no Brasil. Além das críticas ao exacerbado desmatamento florestal capixaba, não poupou os projetos industriais que se implantaram no Espírito Santo, na década de 70, sendo seus alvos constantes a Companhia Siderúrgica de Tubarão e a Aracruz Celulose. Faleceu em Vitória, em 03 de junho de 1986, sendo sepultado na reserva de Santa Lúcia, em local previamente escolhido por ele.

 

Ciro Vieira da Cunha

1º ocupante

Nasceu na capital de São Paulo, em 1º de junho de 1897, tendo passado a infância em Sorocaba, terra de seus ascendentes maternos. Diplomando‑se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1922, logo no ano seguinte transferiu residência para Castelo, no sul do Espírito Santo, ali exercendo a Medicina. Na mesma cidade, fundou e dirigiu o jornal A Hora, elegendo‑se vereador à Câmara Municipal. Abandonando a profissão de médico, e, definitivamente, a política, radicou‑se, a partir de 1932, em Vitória. Na capital espírito‑santense, onde viveu os anos mais produtivos de sua vida, dedicou‑se ao magistério e ao jornalismo. Foi redator‑chefe do Diário da Manhã, colaborador de A Gazeta, em cujas colunas, houve tempo, publicava crônicas diárias. Colaborou, ainda, em outros órgãos da imprensa capixaba, nos jornais A Tribuna, Folha do Povo, nas revistas Vida Capichaba e Channaã. Diretor e professor catedrático de Português na Escola Normal Pedro II, tendo lecionado em outros educandários de Vitória. Na vida burocrática, desempenhou repetidas funções de relevo, tais como: diretor do DEIP (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda), secretário de Estado (Interventor, Saúde e Educação). Presidiu a Associação Espírito‑santense de Imprensa. Passando a residir no Rio de Janeiro, foi secretário do ministro da Saúde, no governo da Revolução de 1964. Oficial da Ordem do Mérito Médico. Publicou: Pontos de química fisiológica, em colaboração com Alberto Moreira (Rio, 1918); Contra o alcoolismo no Brasil (Rio, 1922); O dialeto brasileiro, tese para a cátedra de Português da Escola Normal Pedro II (Vitória, 1933); Espera inútil (versos, Vitória, 1933); Oração de paraninfo (Vitória, 1937); Alguma poesia (Rio, Editora José Olympio, 1942); Sinfonia das ruas de Vitória (versos, em parceria, Vitória, 1943); Chuva de rosas (versos, Vitória, 1947); No tempo de Paula Nei (Prêmio Carlos Laet da Academia Brasileira de Letras, São Paulo, 1950); O cadete 308 (Rio, 1956); No tempo de José do Patrocínio (dois volumes, São Paulo, 1960); Memórias de um médico da roça (Rio, Edições do Val, 1956); Arte de colar (Rio, 1970); Guia de civismo (em colaboração com Terezinha Saraiva, Brasília, 1972). São ainda de sua autoria peças teatrais (comédias), relatórios, hinos (o da cidade de Vitória, inclusive) e trabalhos inseridos em várias antologias. Faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1976.

 

Antônio Vieira Motta

Patrono

Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, em 04 de agosto de 1906. Jornalista e poeta. Publicou: Cantigas da minha saudade (versos, 1931); O retrato de Dalila (versos, 1931); Nem eu mesmo sei disso (contos, 1932); e Espiritismo (1931), além de farta colaboração em jornais de sua cidade. Faleceu em Cachoeiro de Itapemirim, em 27 de março de 1934.

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