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Sérgio Blank

Fico feliz quando sou convidado para visitar escolas e conversar com as crianças sobre meu livro Safira. Gosto quando as professoras me apresentam com um escritor infantil. O compromisso de um escritor infantil devia ser soltar pipas, jogar bola de gude, tomar banho de chuva descalço, comer fruta tirada-do-pé, colecionar álbuns de figurinhas, brincar de pique-esconde e comer algodão-doce feito de nuvens. Essas pequenas delícias da poesia. Aprecio ser um escritor infantil.
Em 22/7/2020

 

Há seis anos aguardo um transplante de fígado. Convivo com a cirrose hepática de forma equilibrada. Sobrevivi ao tratamento da hepatite C e venci a doença. Estou cuidando com disciplina e cautela da recuperação cirúrgica no fêmur após uma queda. Um delicado e silencioso exercício de costurar esperança e dor. A única coisa que espero das pessoas é respeito. É o que todos nós precisamos praticar. Para construirmos um mundo melhor. Acredito.
Em 18/2/2019

 

Risque o meu nome do mapa

uma cidade com morros e telhados de eternit
longe do mar e próxima às montanhas
claro que não falo do condado de Yoknapatawpha
a cidade que me fez e se acha no direito de ter meus pés
mais de duas dúzias de ruas me oferece a cada manhã
e eu - négligé - abdico com uma mesura
ter-se-ia dito que o book do destino
quis e escreveu assim - o deus deles não é poeta
eles que preenchem os cômodos de telhas cobertas de chuvas
recuso medir as esquinas ao sol
só quando a noite cai ao tropeçar nos degraus de minha casa
aí sim – mapeio minha condição por calçadas de pedras portuguesas
a condição humana – solidão
isso já foi dito em outros versos
talvez melhores que esses um tanto quanto discursivos
mas – me permitam – passam a ser uma metábole
uma cidade distante do mar – idem
e eu dentro mas longe da cidade – ibidem
redundância escrita a lápis tem os seus conformes
e minhas circunstâncias me permitem de tudo um pouco
até neres de pitibiriba e neca
a cidade insiste com seus morros à parte
eu visto um fato e busco o sereno
(Os Dias Ímpares – Editora Cousa – 2015)
Em 21/2/2016

Sérgio Luiz Blank é um dos mais notáveis poetas do Espírito Santo. Falecido em 22 de junho de 2020, ocupava a cadeira 09 da Academia Espírito-santense de Letras.

Torta Capixaba III

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